terça-feira, 17 de agosto de 2010

Suco tem que ser da fruta!

Outro dia fui à casa de uma amiga cujo pai é famoso pelos sucos que faz. Ora, chegando lá eu ainda não sabia disso, mas assim que me deram a dica avancei no suco de abacaxi com hortelã. Estava tão delicioso que repeti mais umas duas vezes e quase dispensei o vinho, não fosse o suco ter acabado. Saí de lá ávida para fazer mais e mais sucos de diversas frutas diferentes enquanto me questionava por que o sabor de um bom suco natural nunca tinha me conquistado dessa maneira antes.

Encontrei a resposta nos malditos sucos industrializados. Minha vida inteira sempre estive muito familiarizada aos gostos enfadonhos dos sucos Maguary e Superbom. Certamente são os melhores dos industrializados, e você ainda crê sentir parte do processo de fazer o suco - adicionar água, açúcar e mexer. Uma pedra de gelo se for do agrado. Entretanto, diante do sabor de um suco verdadeiro, fica bem claro que aquilo ali passa longe dessa denominação e, no entanto, nós, consumidores, não sabemos disso! Fico prestes a afirmar que, dos alimentos industrializados, talvez as bebidas sejam as piores, pois são as mais difundidas, e as que têm menos escrúpulos em não se dizer bebidas-de-verdade. Creio que é só parar para pensar em qualquer casa, de qualquer classe social, em qualquer idade, e podemos visualizar desde comidas industrializadas até um arrozinho com feijão feitos na hora. Agora olhe para o copo dessas pessoas: eu vejo refrigerantes, sucos à la "del Valle" ou esses "Maguary", não?

E então percebi que sempre que vou a lanchonetes ou restaurantes sempre tomei - fora o vinho - refrigerantes ou os tradicionais sucos de laranja ou limão, e sempre olhei para aqueles cardápios enormes de sucos com a maior cara de não-sei. Pois bem, agora, a cada vez que comer fora, procurarei tomar um suco nunca antes provado. Já comecei pelo de goiaba, com pastel no Mercadão - ô, delícia!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Para espantar (ou para curtir) o frio

Sempre que acendo a lareira aqui em casa inspiro bem fundo e sinto aquele cheiro de madeira queimando que me leva imediatamente a uma pequena vila em Portugal, na casa de Madalena - prima minha de terceiro, quarto ou quinto grau, nunca se sabe. Lembro-me bem daquela cozinha expandida, com tamanho de sala, sofá e lareira, onde a Madalena e o João recebem os convidados íntimos, enquanto o jantar não fica pronto. Vamos de caldo verde, borrego, broinha de sobremesa, e Bolo Rei no Natal para celebrar. O azeite e o vinho são da região. Se não feitos por eles mesmos, são tomados à produção de algum outro primo vizinho.

Ontem tive um gostinho extra de Portugal: aproveitando esse frio imenso que acaba de chegar acendemos a lareira da biblioteca e tomamos caldo verde regado no azeite, acompanhado por vinho tinto, olhando para o fogo. Ah, terrinha...

domingo, 15 de agosto de 2010

Como a sálvia encontrou meu paladar

Me lembro muito bem da primeira vez em que comi sálvia. Ou, pelo menos, da primeira em que a comi conscientemente. Já tinha meus quase vinte anos e fui a um restaurante italiano metido a chique num shopping. Pedi um ravioli de ricota e parmesão no molho de manteiga com sálvia. Na época, eu não sabia o que era sálvia; só sabia que era uma erva, mas desconhecia seu gosto. Da mesa onde eu estava era possível ver os cozinheiros preparando a massa fresca, e eu já comecei a imaginar o gosto fantástico que meu prato teria. Quando ele chegou, dei a primeira garfada e afirmei categoricamente: essa é a melhor massa que eu já comi. Pensava no segredo da massa fresca e imediatamente dei todos os créditos daquele sabor fantástico a ela - também era minha primeira experiência com massa fresca.

Alguns meses mais tarde viajei para Paraty, onde encontrei um restaurante/sorveteria que servia baratinho um gnocchi cuja massa era feita de ricota com espinafre, servido ao molho de manteiga com sálvia. É claro que não tive dúvidas, e mandei ver. Ao engolir a primeira garfada pensei comigo mesma: "nossa, se aquela era a melhor massa que eu já havia comido, esse definitivamente é o melhor gnocchi que já comi". E então a ficha caiu. A sálvia na manteiga é que determinava aquele gosto tão fantástico que, pela primeira vez, em Paraty, eu reconhecia como familiar.

Nunca mais abandonei a sávia. Hoje a tenho plantada entre minhas ervas preferidas. E aprendi a fazer massa fresca para poder acompanhá-la dignamente.