domingo, 28 de novembro de 2010

Receita para um dia mais quente que o verão

Essa cidade é quente. Não é o ar que é quente, mas esse sol que nos cega no fim-de-tarde, e que ao meio-dia insiste em gritar seu calor, lá do alto. Na sombra é só prender o cabelo que está (quase) tudo resolvido.
Num dia quente como esses tudo o que eu quero é um bom banho de água fria. Não daqueles que carrega nossa imaginação embora e nos joga de cara na realidade, mas daqueles literais, mesmo, que refrescam até a alma e curam qualquer dor de cabeça febril.
Para um dia assim, não adianta preparar a melhor comidinha, cozidinha assim, assadinha, fritinha ou de qualquer modo semelhante que envolva ter de comê-la quente. Para um dia assim a melhor receita é só uma: salada. Muita salada. E por favor, uma salada fresca.
Muitas folhas de alface e rúcula (eis a base), folhinhas picadinhas de hortelã, manjericão e salsinha (para dar aquela refrescada geral, até no hálito), tomate em tiras finas, lascas de parmesão, azeitona e pronto. Para o molho, mostarda, azeite, sal, limão e vinagre. Se quiser um crocante, pode juntar um crouton também.
Carregue no tamanho do prato em que vai servir e na quantidade. Salada nunca é demais. Não deixe de acompanhá-la com um suco bem fresco e que não conflite com os ingredientes da sua receita. Sugestão: graviola ou acerola. Simplesmente divino.

sábado, 27 de novembro de 2010

Vive la beurre!

Ontem no supermercado decidimos a base do menu de hoje: peixe. Dois filés enormes e lindos de Saint Peter. Para beber, um Chardonnay veio junto. Hoje de manhã decidimos o molho do peixe: Café Paris.
12h55 - Nossa! Já são 13h!
13h29 e eu ainda estou digitando.
Começamos a preparar o almoço. Descasca batata para um puré. Prepara a salda de alface, rúcula, hortelã, manjericão, salsinha, tomate e azeitona, com molho de mostarda. Pica a cenoura e refoga-a com manteiga e alecrim. O peixe descançava no chardonnay com alho, sempre muito alho.
Frito o peixe com muita, muita manteiga, um fio de azeite para não queimá-la. Quando o peixe está dourado, tiro-o, acrescento mais vinho e mais manteiga (sempre mais manteiga) e deixo reduzir. Deito o molho por cima do peixe e almoçamos, divinamente. Tudo se encaixa, e a vista amansa a tarde.
Para acompanhar, Chet Baker na vitrola. E depois do almoço, tudo o que pode acontecer depois de um almoço como este.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rio quase 40 graus

Rio 40 graus! Ou 20. Ou 18, à sombra. 26 ao sol, isso se não houver vento. Enfim, está difícil saber como sair de casa. Frio pela manhã: casaco, echarpe. Calor ao meio-dia: regata, pé sem meia. Para quem anda de ônibus, a solução é mesmo carregar a mala nas costas pelo centro da cidade. Sentado se der sorte, mas geralmente, vai de pé, mesmo. Tentando ler alguma coisa se não for arremessado pela janela enquanto o motorista sacode nas curvas da Niemeyer. E salve-se quem puder.
Mas Rio é o Rio, e é sempre bom, sempre fantástico. Tem sempre algo de novo, algo de velho, algo de inusitado e algo de mais familiar que a sua própria casa. E é belo. Desta vez belo é o teatro municipal reformadinho, brilhando, dourando (até demais). O telhado verde, os detalhes coloridos e o sol pintalgado ao longo. Belos são os vestidinhos nas vitrines, e o chão da Colombo. Novo é o tiroteio na Barra, que eu quase presenciei hoje. Velhas são as calçadas do centro. Inusitado é uma brasileira no ônibus falando em italiano no celular sobre as eleições brasileiras durante quase meia hora. E mais familiar do que minha própria casa é o carioquês.
Cinco dias de ônibus, e os pés doem. Mas a liberdade flui. Devo ousar confessar que andar de ônibus no Rio à noite é uma delícia. O trânsito só alonga a leitura do que estiver na bolsa, e a convivência com essa infinidade de gente que vive a cidade todos os dias. E existe sempre a possibilidade de se saltar no caminho para pegar um cineminha.
Amanhã tem Petrópolis; posso esperar boas coisas?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Suco tem que ser da fruta!

Outro dia fui à casa de uma amiga cujo pai é famoso pelos sucos que faz. Ora, chegando lá eu ainda não sabia disso, mas assim que me deram a dica avancei no suco de abacaxi com hortelã. Estava tão delicioso que repeti mais umas duas vezes e quase dispensei o vinho, não fosse o suco ter acabado. Saí de lá ávida para fazer mais e mais sucos de diversas frutas diferentes enquanto me questionava por que o sabor de um bom suco natural nunca tinha me conquistado dessa maneira antes.

Encontrei a resposta nos malditos sucos industrializados. Minha vida inteira sempre estive muito familiarizada aos gostos enfadonhos dos sucos Maguary e Superbom. Certamente são os melhores dos industrializados, e você ainda crê sentir parte do processo de fazer o suco - adicionar água, açúcar e mexer. Uma pedra de gelo se for do agrado. Entretanto, diante do sabor de um suco verdadeiro, fica bem claro que aquilo ali passa longe dessa denominação e, no entanto, nós, consumidores, não sabemos disso! Fico prestes a afirmar que, dos alimentos industrializados, talvez as bebidas sejam as piores, pois são as mais difundidas, e as que têm menos escrúpulos em não se dizer bebidas-de-verdade. Creio que é só parar para pensar em qualquer casa, de qualquer classe social, em qualquer idade, e podemos visualizar desde comidas industrializadas até um arrozinho com feijão feitos na hora. Agora olhe para o copo dessas pessoas: eu vejo refrigerantes, sucos à la "del Valle" ou esses "Maguary", não?

E então percebi que sempre que vou a lanchonetes ou restaurantes sempre tomei - fora o vinho - refrigerantes ou os tradicionais sucos de laranja ou limão, e sempre olhei para aqueles cardápios enormes de sucos com a maior cara de não-sei. Pois bem, agora, a cada vez que comer fora, procurarei tomar um suco nunca antes provado. Já comecei pelo de goiaba, com pastel no Mercadão - ô, delícia!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Para espantar (ou para curtir) o frio

Sempre que acendo a lareira aqui em casa inspiro bem fundo e sinto aquele cheiro de madeira queimando que me leva imediatamente a uma pequena vila em Portugal, na casa de Madalena - prima minha de terceiro, quarto ou quinto grau, nunca se sabe. Lembro-me bem daquela cozinha expandida, com tamanho de sala, sofá e lareira, onde a Madalena e o João recebem os convidados íntimos, enquanto o jantar não fica pronto. Vamos de caldo verde, borrego, broinha de sobremesa, e Bolo Rei no Natal para celebrar. O azeite e o vinho são da região. Se não feitos por eles mesmos, são tomados à produção de algum outro primo vizinho.

Ontem tive um gostinho extra de Portugal: aproveitando esse frio imenso que acaba de chegar acendemos a lareira da biblioteca e tomamos caldo verde regado no azeite, acompanhado por vinho tinto, olhando para o fogo. Ah, terrinha...

domingo, 15 de agosto de 2010

Como a sálvia encontrou meu paladar

Me lembro muito bem da primeira vez em que comi sálvia. Ou, pelo menos, da primeira em que a comi conscientemente. Já tinha meus quase vinte anos e fui a um restaurante italiano metido a chique num shopping. Pedi um ravioli de ricota e parmesão no molho de manteiga com sálvia. Na época, eu não sabia o que era sálvia; só sabia que era uma erva, mas desconhecia seu gosto. Da mesa onde eu estava era possível ver os cozinheiros preparando a massa fresca, e eu já comecei a imaginar o gosto fantástico que meu prato teria. Quando ele chegou, dei a primeira garfada e afirmei categoricamente: essa é a melhor massa que eu já comi. Pensava no segredo da massa fresca e imediatamente dei todos os créditos daquele sabor fantástico a ela - também era minha primeira experiência com massa fresca.

Alguns meses mais tarde viajei para Paraty, onde encontrei um restaurante/sorveteria que servia baratinho um gnocchi cuja massa era feita de ricota com espinafre, servido ao molho de manteiga com sálvia. É claro que não tive dúvidas, e mandei ver. Ao engolir a primeira garfada pensei comigo mesma: "nossa, se aquela era a melhor massa que eu já havia comido, esse definitivamente é o melhor gnocchi que já comi". E então a ficha caiu. A sálvia na manteiga é que determinava aquele gosto tão fantástico que, pela primeira vez, em Paraty, eu reconhecia como familiar.

Nunca mais abandonei a sávia. Hoje a tenho plantada entre minhas ervas preferidas. E aprendi a fazer massa fresca para poder acompanhá-la dignamente.

domingo, 18 de abril de 2010

Safra dos limões II - Macarrão no limão

Conforme prometido, continuarei a transmitir minhas receitas limoescas ao longo da semana. Hoje, uma rapidinha: macarrão no limão, que é ideal para dias calorosos e preguiçosos. Geralmente eu mesma faço a massa, mas a receita dela ficará para outro post. Hoje deixo aqui só as dicas do molho, mesmo.

Macarrão no limão

2 limões
4 col. sopa azeite (aprox)
100g parmesão ralado
folhas de manjericão picadas

Misture tudo na tigela onde irá servir o macarrão. Cozinhe o macarrão, escorra e despeje sobre o molho. Misture bem e saboreie!

sábado, 17 de abril de 2010

Safra dos limões

O limoeiro da minha casa anda carregado, lindo! Todo laranjinha, pois se trata de um pé de limão cravo, também conhecido limão rosa ou limão caipira. Em consequência eu vou inventando desculpas para consumir mais e mais limões. Já fiz limonadas, torta de limão na semana retrasada, macarrão com limão, crepe com calda de limão (todas as receitas virão logo logo) etc. Hoje, num almoço delicioso de família à beira da piscina foi dia de testar uma arte nova: bolo de limão com cobertura de glacê de limão.

Esse glacê eu já tinha visto num programa do Jamie Oliver há quase um ano e a vontade de testá-lo estava bem guardadinha na cabeça. É facílimo de fazer (a cobertura mais fácil que já vi) e fica fantástico. Outro dia, chegando na casa de mamãe tinha um delicioso bolo de limão que ela inventara ali mesmo. Resolvi me inspirar nos dois e unir o útil ao agradável: a imensa oferta de limões por aqui e um desejo contido.

Comecei adaptando a tradicionalíssima receita de bolo de chocolate da minha tia: tirei o chocolate, reduzi um ovo e 1/2 xícara de farinha. Seguem as receitas:

Bolo
3 ovos
200g de manteiga amolecida
2 xíc açucar
250ml leite
2 1/2 xic farinha
raspas de limão
1 col. sopa cheia de fermento

Bater as gemas, manteiga e o açucar. Juntar o leite e a farinha. Bater as claras em neve e juntar à massa misturando à mão. Juntar as raspas e por fim o fermento, também à mão. Levar ao forno por 15 min de fogo alto e mais cerca de 20 de fogo médio.

Glacê
raspas de limão
suco de dois limões
400 a 500g açucar de confeiteiro (ou glaçucar)

Juntar os ingredientes e misturar bem com um mexedor de arames até obter uma calda homogênea, grossa e pegajosa. Cobrir o bolo desenformado e deixar endurecer por cerca de 30 min. Atenção ao separar o açucar, pois ele frequentemente fica empedrado e é necessário peneirar.

Bon Apetit!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Trabalhando no meu novo livro de receitas!

O momento pós-aniversário é sempre hora de começar a usar os presentes novos! Nesse caso, começo pelo meu livro/caderno de receitas que ganhei de uma amiga muito muito querida, e que acertou em cheio! Comecei a colocar no papel algumas das receitas que tenho praticado (e comido) mais nos últimos meses, e aproveito para deixar aqui algumas delas, para quem me pediu encarecidamente após ter se deliciado com meus pratinhos favoritos...

Massa de Panqueca/Crepe:

1 ovo
250ml leite
200gr farinha de trigo
2 col. sopa de óleo
pitada de sal

Bater tudo no liquidificador. Acertar a consistência se for necessário. Para panquecas mais finas, deixar a massa mais líquida, acrescentando mais leite. Para engrossá-la, acrescentar mais farinha.

Molho Funghi:

50 gr de funghi seco
500 ml de água
2 dentes de alho picados
1 lata de creme de leite
azeite, sal

Hidrate o funghi com a água fervida: despeje a água sobre o funghi numa tigela até cobri-lo completamente, mas não muito mais do que isso. Aguarde 30 min. Retire o funghi da água, mas não a jogue fora. Refogue o alho no azeite por alguns instantes. Antes de ele dourar acrescente o funghi e refogue por mais alguns minutos. Acrescente a água quase toda, deixando fora somente a parte final com a borra decantada. Deixe cozinhar até que o funghi fique macio. Abaixe o fogo e acrescente o creme de leite. Mexa e apague o fogo me seguida. Salgue a gosto.

Para que os pedaços de funghi sejam menores, corte-os com uma tesoura de cozinha antes de hidratá-lo. Para obter um creme homogêneo, bata tudo no liquidificador, logo antes de acrescentar o creme de leite. Depois prossiga normalmente.

Molho Branco:

1 copo de leite (250 ml)
1 colher de sopa de maizena
1 colher de chá de manteiga
sal, queijo parmesão ralado

Coloque o leite, a maizena e a manteiga numa panela e leve ao fogo mexendo sem parar. Vá mexendo aé que o creme atinja a consistência desejada, mas apague o fogo um pouco antes de ele chegar a essa consistência, se não ele vai ficar muito grosso. Pouco antes do final, acrescente um pouco de queijo ralado (a gosto), prove e corrija o sal se necessário.