segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Três experiências culinárias e um bom concerto

Ontem pela manhã continuei a devorar minha mais recente obsessão: o livro O Homem que comeu de tudo, de Jeffrey Steingarten. Leio o livro com um sorriso constante, e eventuais risadas sonoras, de acordo com a graça dos artigos. É brilhante como, a cada artigo, conhecemos novas possibilidades gastronômicas, novas aventuras em viagens pelo vale do Loir, ou pelo Piemonte, em busca das mais perfeitas trufas brancas. E ainda, por vezes me vejo inicialmente desconfiada, e depois supresa ao ler artigos que elogiam o ketchup ou batatas chips fritas em gordura artificial. Esse homem não enfrentou apenas suas fobia com mariscos, sobremesas indianas ou insetos; ele também tem a coragem que falta a muitos dos mais renomados críticos gastronômicos ocidentais, de assumir seu gosto por porcariadas as mais diversas, cheias das difamadas gorduras, açucares e farinhas refinadas e adoçantes, acidulantes, corantes etc.

E terminando cada artigo querendo começar o próximo, e a pausa para o toillet vai ficando cada vez mais necessária e distante. Apesar de falar de comida, esquecemos de comer. Mas quando enfim conseguimos largar o livro, a primeira coisa que faço é pensar em qual vai ser minha próxima e magnífica refeição, digna dos comentários de Steingarten.

Foi assim que me inspirei para preparar o peixe do almoço. Descansados por alguns minutos numa mistura de ervas, alho e sal masserados num pequeno almofariz Le Creuset, adicionados de suco de um limão e o dobro de azeite, dois filés de linguado foram "fritos" por cerca de dez minutos. Para acompanhar, um tomate cortado ao meio e assado no forno, junto com algumas chalotas sem cascas, também cortadas ao meio. Para completar, uma batata descascada, cozida e frita com azeite e alecrim, para trazer a alegria final ao prato. Rasultado final: delícia de almoço!

Como interlúdio entre as duas refeições do dia, abandonamos os cachorros em casa e fomos a São Paulo para o nosso último concerto da temporada 2009: Quartetos de Cordas de Villa Lobos, nº 5, e Shubert, nº 15 em sol maior. Para mim, foi a primeira audição de ambos. O Quarteto Osesp, como sempre, estava maravilhoso. Apesar de terem carregado um pouco nos fortíssimos, o que gerou sons ácidos, ambas as peças foram muito empolgantes e bem manejadas no diálogo delicadeza/intensidade. A de Shubert ainda mais, uma vez que a de Villa Lobos parecia um amontoado de colagens musicais.

Para o jantar preparamos uma boa sopa de cebola francesa, daquela que se põe uma torrada e queijo na cumbuquinha, ao final, sobre a sopa, e se leva ao forno. Exceto que não levamos ao forno - já estava tarde e ainda queríamos ver Saneamento Básico, de Jorge Furtado. Pouco antes de começar o filme, preparei rapidamente uma massa de pão branco da fazenda (basicamente, com um pouco de manteiga) e fui trabalhando-o de tempos em tempos, de acordo com o que pedia a receita, mediante pequenas pausas no filme. 24h30 o pão estava pronto e ótimo. Só faltou um pouco de sal, mas fui dormir contente. Isso porque estou a uma semana tentando finalizar um pão, com fermento feito em casa, a partir de indicações de Steingarten. O fermento deu certo, mas não o pão. Ontem apelei para o fermento industrial, mesmo.

E, por sinal, o filme é uma graça. Parece um pouco caseiro, como o filme que as personagens tentam fazer dentro-do-filme, e contem pitadas de um humor inocente muito gracioso, longe dos famosos pastelões ou apelos de humor idiota de alguns da indústria norte americana, ou da própria globo filmes. Vale a pena!

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